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Pelo direito de morrer, baianos vão até a cartórios declarar desejos para o fim😱


Na mesa de centro da sala de estar do apartamento onde Iracema Duarte, 80 anos, mora sozinha, num bairro de luxo de Salvador, uma pasta verde guarda uma folha carimbada no dia 11 de setembro de 2001. É onde está impresso um desejo dela para os últimos dias de vida. “Fica terminantemente vedado o prolongamento de sua vida, por quaisquer meios e procedimentos médicos, principalmente intubação”, escreveu o tabelião.

Quando o corpo falhar, e nada mais possa ser feito, ela tem uma certeza: não quer nenhum procedimento que prolongue a chegada da morte. “Eu sei que terá fim. Isso nunca foi problema. Me aflige a vulnerabilidade das pessoas na mão dos outros”, conta ela, que já sofreu três infartos. Pelo direito de morrer naturalmente, a professora aposentada foi a um cartório de Salvador oficializar um documento em que está especificado como quer viver nos instantes finais
pandemia trouxe a morte para perto e cresce a vontade de pessoas de ter seus desejos respeitados até o fim. Ortotanásia é o nome que a Medicina deu para a morte natural, sem prolongamento nem abreviamento. “A morte foi chegando mais forte. Eu percebo que houve um aumento na busca de pessoas por deixar claras as suas vontades”, opina a advogada Luciana Dadalto, referência em testamento vital.

A pandemia fortalece, em Iracema, a convicção de que é preciso falar da morte enquanto se tem vida. O assunto faz parte da rotina dos hospitais.

Um levantamento feito pela equipe de medicina paliativa da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) mostra que, dos 600 pacientes com covid-19 que receberam cuidados paliativos desde maio do ano passado, 55 tinham vontades expressas sobre quais intervenções poderiam receber, sem que a morte fosse apenas alongada no tempo. A prolongação da morte por mediação de aparelhos é denominada "distanásia". 
Outros 59 estavam em fase de elaboração quando a morte chegou. Os detalhes das declarações não foram informados, mas nenhuma delas tratava de antecipar ou escolher a morte, ou escolher morrer, e sim de reconhecer que nada mais alcançaria a cura.

Na tarde em que recebeu a reportagem, Iracema disse querer morrer naquela casa decorada com móveis de madeira e se manter independente. A decisão foi tomada nos anos 80, quando ouvia o irmão médico relatar casos de pessoas internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Antes de viajar para uma temporada em São Paulo, naquela época, ela comprou quatro túmulos para a família e, no retorno, documentou seu desejo.

O irmão dela, antes de falecer, em 2013, também declarou suas vontades em cartório. Ele queria estar em posse da consciência na hora de decidir quais eram seus limites. 


Por betonews fonte: Correio
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