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Exaustos psicologicamente, profissionais da saúde abandonam a linha de frente.

Aos 33 anos, Mayara da Paixão não é a mulher de antes, ela conta, enquanto se conjuga no passado e no presente. Estável antes, ansiosa hoje. Um caminho de tensão separa uma da outra, aquela de frente para a vida, esta de cara para a morte. As famílias perdiam seus queridos para o coronavírus e Mayara também chorava, escondida. Exausta, a técnica de Enfermagem deixou a linha de frente contra a covid-19, como têm feito outros profissionais.

Dos sete meses na linha de frente, Mayara lembra do medo de contaminar familiares, da tristeza e da culpa, pois depois que o marido se infectou, ela tomou para si a responsabilidade do contágio. 

Todos os dias, era dor no horizonte. Nem quando ia dormir ela tinha silêncio. Podia jurar que ouvia o barulho dos equipamentos aos quais estavam ligados os pacientes, horas antes. Só dormia se ingerisse o remédio prescrito por um psiquiatra.  

Num momento de risco de colapso, o ambiente fica ainda mais propício ao aparecimento de problemas psíquicos, o que pode comprometer a necessidade de contratação de profissionais, com a abertura de novos leitos para atender à demanda crescente.

“Muita gente não quer mais trabalhar na ala covid devido à exaustão mental. É um problema grave. Ninguém aqui está brincando de ser superhomem”, avalia o presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, Carlos Lula.     

As secretarias de Saúde estadual da Bahia, municipal de Salvador e a Associação de Hospitais e Serviços de Saúde da Bahia, que representa as unidades privadas, reconheceram a dificuldade para encontrar equipes para o front. Uma das dificuldades, opina Carlos Lula, vem da "exaustão psicológica dos profissionais". Do início da pandemia até aqui, são 43.353 profissionais de saúde infectados pelo coronavírus na Bahia.

Os centros de acolhimento criados pelo Estado e pelo município de Salvador atenderam, separadamente, 2.591 pessoas com sintomas de transtornos psicológicos desde abril de 2020 - o Estado tem 40 mil profissionais da saúde e o município 11 mil.

Pelo menos 64 desses trabalhadores precisaram de atendimento psiquiátrico, por problemas como síndrome do pânico. As unidades privadas não divulgam quantos atendimentos prestaram.  

É “um número significativo”, afirma Bruno Guimarães, diretor de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do estado da Bahia. “A quantidade deve ser maior”, destaca. Nem a rede privada, nem a pública informaram quantos profissionais estão afastados. 

O adoecimento mental durante a pandemia é confirmado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Sem distinção por estado ou ocupação, o número de brasileiros que recebem auxílio por problemas de ordem mental saiu de 213 mil em 2019, para 285 mil em 2020. Os dados podem refletir a pandemia, diz o INSS.

O prolongamento de uma jornada de trabalho, junto a todos os outros ingredientes da exaustão, explica o especialista em segurança do paciente pela Universidade Nova de Lisboa, é fundamental para entender que os erros são, sim, humanos, mas que é preciso amparar profissionais como médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos, para evitar ainda mais desgastes.

Com afastamento de profissionais por infecção pela covid-19 e/ou transtornos psíquicos e cada vez mais pacientes internados, tornaram-se rotineiras longas jornadas de trabalho - de 24, 36 horas e assim por diante. Os profissionais, conta Ivan Paiva, coordenador do Serviço Móvel de Urgência, precisam “dobrar, aumentam cargas de trabalhando, atuando em um, dois três lugares”. Terreno fértil para erros, relata uma enfermeira ouvida, sob anonimato, pelo CORREIO.

Há sete anos, os hospitais são obrigados a notificar qualquer caso de efeito adverso, por meio do Núcleo de Segurança do Paciente. Em 2019, foram 6.178 incidentes registrados, afirmou a Sesab. Em 2020, foram 6.314 - 136 a mais. Neste ano, 812 até o momento. Os desdobramentos e porquês desses casos não são divulgados.

Por Betonews fonte, correio notícia.

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