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Otimismo de governantes não vai impedir que ano letivo de 2020 seja perdido

O otimismo dos governantes sobre o ano letivo de 2020 é um esforço para não admitir que, do ponto de vista pedagógico, será difícil recuperar o tempo perdido. Após mais de três meses com aulas suspensas e sem a perspectiva de retomar a normalidade das salas, é complicado acreditar que o nível do aprendizado dos estudantes se mantenha. Isso é válido tanto para a rede privada de ensino, mas, sobretudo, para o ensino público. Por uma questão histórica e também multifatorial.

 Mesmo que haja uma alta qualificação do corpo docente na rede pública, nem sempre é possível ver o resultado no desempenho dos estudantes. Houve uma opção histórica dos governos a empurrar com a barriga a falta de qualidade na infraestrutura, na logística e no processo de aprendizado. O resultado disso é que, infelizmente, uma parcela expressiva dos alunos do ensino público sai atrás na corrida por vagas nas universidades, por exemplo. Sem a sala de aula, esse problema deve ser ainda pior.

Primeiro por um fator simples: o acesso à infraestrutura mínima para ensino à distância não é a mesma, se comparado com estudantes da rede privada. Tanto que, tirando pelo exemplo de Salvador e da Bahia, há a busca por uso da televisão aberta como forma de ampliar o alcance do ensino fora do ambiente escolar formal. Ainda assim, não há garantia que, no isolamento social, com famílias com mais de um estudante, vá haver a dedicação necessária para um aprendizado regular. 

Talvez por isso surjam iniciativas como a soteropolitana, com a distribuição de chips de acesso à internet para os estudantes. E aí entra outra disparidade socioeconômica complexa demais para lidar. Estudantes de baixa renda não necessariamente possuem acesso a aparelhos smartphone ou tablets para que seja dada continuidade a esse modelo de “escola avançada”. Ou seja, teremos um esforço válido, porém não capaz de abraçar a todos do ponto de vista pedagógico, haja vista que a recepção do conteúdo didático não tende a ser uniforme.

É claro que toda oportunidade de permitir que os alunos tenham acesso a conteúdo informativo e educacional durante o isolamento social é válida. Pena que o ideal de universalização do ensino, como previsto na Carta Magna, seja uma realidade bem distante da palpável. A pandemia, como em outras situações, só colocou uma lente de aumento em um problema crônico. E otimismo nenhum é capaz de superar isso.

Por Beto News. Fonte Bahia Noticias 

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